Adoro problemas!

63783

Este é o título de um livro de Michael Moore e de um filme (que não tem nada a ver com o livro) estrelado por Julia Roberts e Nick Nolte;  mas é também um  comportamento típico  de algumas pessoas.

Um dia desses estava em uma fila no banco e atrás de mim estavam duas senhoras que conversavam em alto e bom som, a princípio a conversa me incomodou (devido ao volume da voz delas), mas em poucos instantes fiquei interessada no diálogo.

O que mais me chamou atenção foi o fato de que ambas competiam para ver qual delas era a mais desafortunada. Foi um diálogo insólito, que tento reproduzir abaixo:

– Minha situação é terrível, veja só, abandonada pelo marido depois de 15 anos de casada.

– É, mas pelo menos ele te paga pensão. E o meu,  que nem isso faz?

– É, mas você não tem filhos e está trabalhando e eu tenho filhos e estou desempregada.

– É, mas eu acho que vou ficar desempregada também,  de tanto chorar por ter sido traída pelo marido e pela minha melhor amiga. Nunca imaginei que eles tivessem um caso.

-É, mas pelo menos a sua melhor amiga tem a sua idade e eu que fui trocada por uma 15 anos mais jovem e com tudo em cima.

Infeliz ou felizmente, chegou a minha vez  de ir ao caixa e não pude acompanhar o restante do diálogo e não consigo imaginar como ele pode ter terminado.

Além de sair do banco rindo e não acreditando no que eu presenciei, não pude deixar de pensar que há pessoas que parecem “adorar problemas”, se você tentar minimizá-los ou propor uma solução  a pessoa fica triste porque está tão apegada a eles que não quer solucioná-los.  Então, imediatamente a pessoa volta a tentar te convencer que o problema é tão grave que não há coisa pior no mundo.

Parece que ao solucionar o problema essas pessoas perdem algo valioso para elas e ficam decepcionadas, porque não podem mais reclamar ou se queixar.

Esse tipo de pessoa passa muito tempo “acariciando, regando e cuidando” do seu problema, o objetivo parece ser o de prolongar a sua existência; colocar uma lente de aumento e analisar a sua extensão, largura e profundidade ;  relembrá-lo o tempo todo e passar a maior parte do tempo remexendo nele e homenageando-o  ao invés de solucioná-lo.

E se porventura, um problema é solucionado, a pessoa escolhe outro para tomar o seu lugar.

Em geral, este tipo de pessoa perde boa parte da vida e dos bons momentos que ela oferece, pelo simples fato de viver apaixonado pelos problemas.

É claro que a vida não é um mar de rosas e todos enfrentamos desafios diários, mas devemos concentrar nossa energia e criatividade na busca de solução e não em reclamação.

Deixe um comentário